Escritas em português por surdos (as) como práticas de translinguajamentos em contextos de transmodalidade - (2019)

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Hildomar José de Lima, Tânia Ferreira Rezende

Volume: 32 - Issue: 1

Resumo. O universo sociolinguístico da pessoa surda se caracteriza como um espaço fronteiriço entre línguas de base epistemologicamente visual, as línguas de sinais, e línguas de base oral, como o português. Essa fronteira sociolinguística é, ao mesmo tempo, bi/plurilíngue e multimodal e, por isso, as pessoas surdas estão imersas em constantes e contínuos processos de translinguajamento e transmodalidade, isto é, em trânsito entre línguas (sinais e orais) e entre modalidades linguísticas (visuoespacial e oral-auditiva). O objetivo desta discussão é refletir sobre as práticas linguísticas que pretendem normalizar (tornar normal) a pessoa surda por meio das práticas linguísticas expressas em português escrito, impondo, para isso, o padrão linguístico que tem como base a norma considerada culta do português falado por uma minoria de pessoas ouvintes. A partir disso, problematizar as concepções de linguagem e as ideologias linguísticas coloniais subjacentes ao exercício de poder, por meio da linguagem, dos povos historicamente subalternizados, especificamente, a comunidade surda. Verifica-se que as práticas sociolinguísticas translinguajadoras e transmodalizadoras das pessoas surdas rompem com a lógica do eurocentrismo científico de que a língua da pessoa surda é deficitária, possibilitando, assim, promover a decolonialidade do poder, do saber e da linguagem no processo de letramento em português para a comunidade surda e assegurar seus direitos linguísticos.

Keywords: decolonialidade, translinguajamento, transmodalidade

Idioma: Portuguese

Registro: 2024-08-17 14:52:39

https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/38270/pdf_1

http://dx.doi.org/10.5902/1984686X38270