Resumo. O presente estudo discute o ruralismo como elemento de constituição histórica da escola primária no Brasil durante as primeiras décadas do século XX. Objetiva apresentar a questão de ruralização da escola associada às problemáticas contextuais política, econômica e cultural, nutridas em um contexto de ambiguidades que oscila entre os polos rural e urbano. A metodologia que é pautada em pesquisa bibliográfica, dialoga com perspectivas de Nagle (1974) e está nucleada em aspectos do pensamento de Carneiro Leão (1919; 1946). A análise indica elementos de defesa e de oposição à ruralidade. Diz respeito ao esmaecimento do entusiasmo pela educação rural diante da ineficiência das medidas políticas e pedagógicas, as quais não tiveram êxito quando defenderam escolas caracterizadas como tipicamente rurais e processos de formação de professores específicos para o meio rural. Mostra-se o engodo de pretender que se conseguiria organizar uma instituição capaz de desempenhar, além da formação básica com os elementos culturais comuns ao país e sem prejuízo das especificidades regionais, um currículo acrescido de formação técnica do camponês através da mesma escola primária. Ficam evidentes as controvérsias quanto à escola no meio rural para atender a essa finalidade, assim como dificuldades em caracterizar que tipo de professor seria capaz de realizar tal papel com êxito. Tais perspectivas estão amalgamadas ao discurso de fixação do homem no campo, o que permite cunhar o pensamento de Carneiro Leão como ruralismo pedagógico, embora suas obras sejam dedicadas à instituição histórica da educação brasileira de modo geral.