Apresentação - (2020)

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Silvio Antonio Ferraz Cario, Alcides Goulart Filho

Volume: 3 - Issue: 2

Resumo. Com imenso prazer que a Associação dos Pesquisadores em Economia Catarinense (APEC) faz homenagem aos 100 anos de Celso Furtado, considerado um dos maiores pensadores das economias latino-americana e brasileira. Sua vasta obra, expressa em mais de três dezenas de livros, sendo alguns traduzidos em diversos idiomas, influenciou e continua a influenciar gerações de economistas e estudiosos das áreas de ciências sociais e políticas. Nessa homenagem, os diretores da APEC demonstram através da elaboração de oito artigos a riqueza de sua contribuição acadêmica, que permanece ativa e presente e serve de base para as pessoas buscarem explicações, para as razões do atraso do desenvolvimento que cerca a economia brasileira. O primeiro artigo, “Celso Furtado e a formação de economistas”, de autoria de Dimas de Oliveira Estevam tem como objetivo, demonstrar a preocupação de Furtado com a formação dessa profissão. Recorre, em termos metodológicos, a suas obras bem como de outros autores que tratam dessa temática. Dentre os principais resultados ressalta que a formação do economista não deve ser padronizada para todos os países e válidas para todos os tempos. Demonstra que a estrutura de ensino deve formar economistas comprometidos com os problemas nacionais e adequado e adaptado à realidade brasileira. Assim como, diante das transformações econômicas, sociais, ambientais que se processam na sociedade, a formação do economista deve relacionar com outras áreas de conhecimento, no propósito de contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade menos desigual, mais justa e sustentável. O segundo artigo, “Celso Furtado e a integração econômica: uma nota”, de responsabilidade de Hoyedo Nunes Lins apresenta como proposta, discutir a percepção de Furtado sobre a integração econômica supranacional e explorar seus aspectos contemporâneos no tocante ao Cone Sul. Utiliza-se, portanto, referências bibliográficas de autoria de Furtado, de relatórios da CEPAL e de outros pesquisadores ligados a esse tema. Os resultados apontam a preocupação furtadiana com a desigualdade na distribuição dos efeitos da integração. Diante desse quadro, defende a criação de um sistema econômico regional no propósito fortalecer as atividades produtivas, além da liberalização das trocas. Assim como, chama atenção para ações planejadas do Estado na formulação e execução de políticas no tratamento da integração econômica. O terceiro artigo “Subsídios para aquilatar a contribuição de Celso Furtado para o campo do desenvolvimento regional” de autoria de Luis Cláudio Krajevski, Tatiane Thaís Lasta, Daniel Rodrigo Strelow, Diego Boehlke Vargas e Ivo Marcos Theis tem como propósito, discutir a contribuição de Celso Furtado no desenvolvimento econômico regional. Em termos metodológicos, os autores recorrem a suas obras representativas e de estudos de outros autores que tratam dessa temática. Os resultados demonstram a preocupação de Furtado com os desequilíbrios regionais em um país periférico, como o Brasil, que tende a se agravar com o desenvolvimento das forças produtivas. Aponta os problemas regionais, em destaque à região nordeste do país e as possibilidades de superação. E, ressalta a importância do planejamento público, ancorado em ações voltadas para a redução da desigualdade socioeconômica regional. O quarto artigo “Formação Econômica do Brasil e sua contribuição aos estudos de história econômica comparada” de autoria de Fábio Farias de Moraes e Alcides Goularti Filho tem como propósito principal, apresentar os estudos econômicos comparativos realizados por Furtado sobre os Estados Unidos e Brasil e de formações econômicas regionais brasileiras. Como procedimento metodológico, os autores recorrem a obra Formação Econômica do Brasil, cuja primeira edição fora em 1949, estendida com a utilização de outras obras mais contemporâneas. Os resultados apontam a importância do método de Furtado recorrer à história, para explicar os fenômenos econômicos. Nessa perspectiva, destacam as razões da decadência e ascensão de atividades econômicas internas, o surgimento de economias concorrentes no mercado internacional, a formação de classes dirigentes nas atividades econômicas, o processo de industrialização entre os pontos destacadas. O quinto artigo “A teoria da dependência nas perspectivas de Celso Furtado, Fernando Henrique Cardoso e Ruy Mauro Marini” de autoria de Silvio A. F. Cario, Marcio G. Gomes e Eduardo S. Sigaúque tem como objetivo discutir o tratamento dado por esses autores brasileiros visando auxiliar, na compreensão do processo de desenvolvimento da economia brasileira. Para tanto, são pesquisadas as principais obras dos autores em referência que tratam dessa temática. Os resultados apontam que para Furtado, a dependência é cultural derivada de imitação de valores e ideologias dos países centrais; enquanto, para Cardoso a dependência assume natureza política em decorrente de vínculos estabelecidos entre as elites política e econômica nacional com a estrangeira; e para Marini, a dependência decorre da forma com que os países capitalistas imperialistas exploram e apropriam economicamente, da riqueza gerada no país periférico. O sexto artigo “Subdesenvolvimento e dependência tecnológica: atualidade em Celso Furtado” de autoria de Tatiane Ap. Viega Vargas e Anielle Gonçalves de Oliveira tem o propósito de fazer uma releitura de duas obras de Furtado: Teoria Política do Desenvolvimento Econômico e O Capitalismo Global. A partir dessas obras, as autoras dedicam atenção aos aspectos que marcam o subdesenvolvimento e a dependência tecnológica e recorrem a dados da balança comercial brasileira. Os resultados apontam a preocupação de Furtado em demonstrar, através de processo histórico, como o subdesenvolvimento se manifesta no capitalismo. Assim como, evidencia a dependência tecnológica, demonstrada pelas aquisições externas de máquinas e equipamentos e ganhos obtidos com exportação de produtos de baixo valor agregado. O sétimo artigo “Internacionalização, desindustrialização precoce e subdesenvolvimento recente sob a ótica de Furtado” de Rossandra Oliveira Maciel de Bitencourt e Pollyana Rodrigues Gondin apresenta, como propósito, compreender se o subdesenvolvimento recente no Brasil está associado ao processo de desindustrialização precoce. Para tanto, utiliza como procedimento metodológico avaliar o comportamento das variáveis importação, exportação, investimento direto externo e formação bruta de capital fixo, a partir de dados secundários obtidos juntos a instituições públicas e privadas.  Os resultados apontam que o Brasil se encontra distante da autonomia tecnológica diante da forte dependência de produtos importados de média e alta tecnologia importados e depara-se com processo intenso de desindustrialização. Portanto, distante de superar as condições de subdesenvolvimento ressaltadas por Furtado no conjunto de sua vasta obra. E, por fim o oitavo artigo “Celso Furtado na busca da melhor “estrutura” para compreender e propor o desenvolvimento latino-americano” de autoria de Adriano de Amarante busca apresentar as principais ideias de Furtado sobre desenvolvimento econômico e social. Para tanto, faz resgate bibliográfico de seus textos expondo as definições e ideias presentes sobre desenvolvimento. Dentre as principais conclusões, destaque para a heterogeneidade estrutural. Depara-se com a formação de uma estrutura econômica e social desigual, em que o setor moderno, produtor de bens de luxo, emprego formal e salários elevados, convive com setor atrasado, marcado por atividades marginais, informais, subempregos e de baixa remuneração. Conclui, ainda, que diante dessa economia dual, boa parte da população não desfruta dos benefícios do progresso, conferido a uma minoria social. Desejamos boa leitura a todos.

Idioma: Portuguese

Registro: 2023-10-10 23:33:21

https://www.apec.pro.br/rce/index.php/rce/article/view/74

10.54805/RCE.2527-1180.v3.n2.74