Resumo. O presente artigo decorre de uma pesquisa que visa compreender as presenças e as ausências de saberes e conhecimentos indígenas nos currículos de algumas licenciaturas de uma universidade pública brasileira, bem como refletir acerca das possibilidades descoloniais que os estudos sobre e com os povos indígenas proporcionam para a academia. Para desenvolver a referida pesquisa, foram escolhidas oito licenciaturas que contam com a presença de estudantes indígenas desde 2008, a partir de uma política afirmativa da universidade para ingresso e permanência dos mesmos. Neste trabalho apresentamos o estudo já realizado em três licenciaturas: Artes Visuais, Música e Pedagogia. Para a efetivação da pesquisa foram analisados os Planos de Ensino das disciplinas, o Projeto Pedagógico das licenciaturas em foco e os Trabalhos de Conclusão de Curso que tematizam os povos indígenas, visando identificar e compreender indícios da presença/ausência de estudos que abordam o tema no período de 2008 a 2018. Os resultados apontam uma presença limitada do tema, sobressaindo nos currículos uma perspectiva eurocêntrica. Ao mesmo tempo mostra a necessidade de ações para interculturalizar o ensino superior e construir caminhos descoloniais.