Resumo. O objetivo deste artigo é apresentar a perspectiva crítica do pensador negro Manuel Querino (1951-1926) a respeito das políticas racistas da Primeira República, destacando-a como uma contribuição relevante para os debates das últimas décadas a respeito do racismo. Para isso, faremos um esboço de concepções do racismo discutidas por Almeida (2020), Foucault (2010), Grosfoguel (2022; 2016) e Schwarcz (1993). Observaremos a contribuição de Querino, particularmente, em intervenções públicas realizadas por meio de textos reunidos em seu livro A Raça Africana e os seus Costumes (1955), nos quais denunciou o retrocesso ilustrado, científico, educacional, de um projeto republicano que repeliu os negros dos lugares de produção de conhecimento e das posições públicas de maior destaque. Querino ocupou um lugar importante no contexto político e acadêmico da Bahia, repudiando correntes de pensamento que culpavam os africanos e afro-brasileiros pelo atraso econômico e cultural do país.