Resumo. No presente artigo, examinamos criticamente os conceitos de conhecimento e de certeza do senso comum na filosofia de Ludwig Wittgenstein e de G. E. Moore, cotejando suas perspectivas sobre o tema. Nosso fito é aprofundar alguns aspectos do tema, insuficientemente esclarecidos na literatura pertinente. Assim, ensejamos responder primeiro se há uma falácia lógica no argumento dogmático de Moore; segundo, como este problema conduz a um impasse epistêmico de posições irreconciliáveis, que denominamos problema do empate; e terceiro, por que, para mitigá-lo, precisamos distinguir entre o conceito de certeza e o de conhecimento. Como argumento negativo, propomos de partida que Moore vale-se de um uso ambíguo e portanto falacioso do termo “saber”, ora particularista, ora metodista. Sustentamos ademais que tal ambiguidade, requerida para que o termo atenda a ambos o realista e o cético, redunda na aporia do problema do empate. Por outro lado, positivamente, defendemos que o desenlace desse entrave lógico-epistêmico não consiste em decidir qual dos sentidos de “saber” é o correto, senão em reconhecê-los como categorias filosoficamente distintas, ou mesmo opostas. Vindicamos, assim, que o estatuto de proposições imunes à dúvida é lógico, e não epistemológico.