Yby: - (2023)
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Jamille da Silva Lima-Payayá
Volume: 20 - Issue: 2
Resumo.
Em uma perspectiva indígena, a casa não se restringe a um edifício (como construção), que oferece abrigo das intemperes, permitindo que se possa dormir em segurança. Se a casa é lugar da morada, esta deve ser compreendida de maneira ampliada, como a Terra que somos. Não em um sentido genérico, mas na particularidade da experiência ancestral. Para nós, Payayá, a casa é a própria Caatinga. Não moramos na Oka, nela nos abrigamos. Moramos na Caatinga, que nos acolhe ao mesmo tempo em que a acolhemos, respeitosamente. Esse morar expressa o sentido radical da casa como Yby, palavra tupi para Terra. Trata-se do fruir da Caatinga, para além do alimento ou da natureza: é uma escuta, um mútuo pertencimento que implica a radicalidade ética. Neste sentido, o processo de colonização como desbaratamento e desterramento são violências que atingem a morada, não apenas como vilipêndio aos povos indígenas, mas também como desprezo e estigmatização da própria Caatinga. O artigo objetiva discutir este sentido radical da casa como Yby, articulando a reflexão levinasiana da morada com a ancestralidade da experiência catinguense Payayá.
Idioma: Portuguese
Registro: 2024-04-25 09:13:54
https://revistas.uece.br/index.php/kalagatos/article/view/10837