Resumo. A história do Brasil frequentemente apresenta uma visão limitada e superficial da participação efetiva dos negros e de sua trajetória histórica no país, abordando principalmente os períodos relacionados à escravidão e ao processo de abolição. Por muitos anos, a rica história de luta e resistência dos negros esteve ausente dos livros escolares e não foi incluída na formação de muitos docentes que ainda atuam em sala de aula. Portanto, o resgate dessa história é essencial para a compreensão completa da história do Brasil e de seu povo. O contexto racial brasileiro se torna ainda mais complexo quando se considera a interseção com gênero. A combinação da condição racial com a de gênero resulta em uma situação extremamente desvantajosa para a mulher negra, criando uma realidade particularmente cruel e desafiadora. O objetivo geral desta pesquisa é analisar a invisibilidade das estudantes e servidoras negras no ambiente acadêmico e institucional do IFPI, campus Paulistana. A metodologia adotada foi qualitativa, com uma pesquisa de campo e descritiva. A pesquisa envolveu nove mulheres negras (seis estudantes e três servidoras) e dois homens (um branco e um negro). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas gravadas em smartphones. Os resultados indicam que, apesar da existência de uma lei que exige a inclusão de estudos sobre a história e a cultura afro-brasileira, essa legislação não está sendo aplicada de forma efetiva dentro da instituição. O primeiro passo para combater a invisibilidade das mulheres negras é abordar o racismo estrutural que permeia suas vidas. Observou-se uma falta de letramento racial, tanto entre as servidoras negras quanto nas percepções das alunas negras, indicando uma dificuldade em reconhecer e compreender a estrutura racial que as afeta.