Resumo. O patrimônio cultural edificado no Brasil, para sua proteção, passa por diversas análises, tanto históricas quanto arquitetônicas. A historiografia arquitetônica no Brasil é construída de maneira defasada, segundo a definição de Vilém Flusser. Essa defasagem implica em um pensamento construído a partir da lógica de estilos, que se sucederiam, época a época. Esta lógica foi criticada por Marina Waisman que apontou que essa construção de pensamento não dá conta dos processos que ocorreram na América Latina. Portanto, a partir da teoria da mestiçagem, proposta por Amálio Pinheiro, reforçada com a noção de Barroco que operou os processos sócio-culturais latino-americanos, ancorado em teóricos como Lezama Lima, propomos uma leitura arquitetônica para a Igreja de São Sebastião, em José de Alencar, distrito de Iguatu, no centro-sul do Estado do Ceará, Nordeste brasileiro, como exemplo de um pensamento que possa buscar outros sentidos para o que se convencionou chamar de eclético na história da arquitetura brasileira. A possibilidade de uma diferente leitura para essa produção eclética ensejaria em uma forma mais profunda de compreensão e proteção de um certo patrimônio cultural brasileiro que continua em risco constante de demolição devido a uma série de teorias defasadas utilizadas como parâmetro de análise.