Resumo. O Atlas Mnemosyne, um projeto inovador levado adiante por Aby Warburg (1866–1929) durante seus últimos anos de vida, emerge atualmente como um objeto de crescente interesse científico. Neste artigo, propomo-nos a contribuir com as atuais discussões sobre o atlas, oferecendo uma análise histórico-contextual abrangente de sua gênese, recepção e nuances metodológicas. Através da análise crítica da literatura, apresentamos duas hipóteses de leitura: i) a indissociabilidade do Atlas Mnemosyne com o contexto geral da obra de Warburg, isto é, sua estreita relação com um conjunto de textos que lhe são adjacentes; ii) o caráter enigmático e aparentemente arbitrário do atlas como reflexo direto de um estilo de produção textual que se baseia na formulação de aforismos e na interconexão do fragmentário como uma forma legítima de reflexão teórica.